O MEU TEMPO
DE INFÂNCIA, QUE VIVI NO MEU SERTÃO.
I
Trago na minha lembrança
O meu tempo de menino
Que brincava no terreiro
Eu era muito traquino
Onde radicalizei
Meu costume nordestino.
II
Eu era um pequenino
Hoje trago na lembrança
Beber água de cacimba
Limpa e de confiança
Pois ter água saneada
Ninguém tinha esperança.
III
Era quase uma lambança
Botar água de jumento
Com um par de ancoreta
Cangalha dava sustento
Via que pro animal
Era grande sofrimento.
IV
Vivia tanto momento
Atirar de baladeira
Armar fojo pra prear
Cair da sua maneira
Quando dava uma chuva
Tomar banho de biqueira.
V
Na roça a brincadeira
Forró que a gente ia
Chegar lá chupar confeito
Bolo a gente comia
Debaixo duma latada
A gente se divertia.
VI
Nesse tempo existia
O uso da brilhantina
O cabelo ensebado
Brilhava que nem resina
Perfume só da Avon
Com o cheiro que fascina.
VII
Tinha medo de vacina
E também de injeção
Quando um dente extraia
Era única razão
Para não ir para a aula
Pra ter recuperação.
VIII
Eu brincava com peão
Também jogava peteca
Armava a arapuca
Pra poder pegar marreca
Coisa que eu detestava
Era andar de cueca.
IX
Pra tirar uma soneca
Rádio de pinha ligava
Tinha novela de rádio
Que a gente escutava
E a TV perto e branco
Sem antena não pegava.
X
A noite sempre jantava
Coalhada com rapadura
Comia cuscuz com leite
Era uma formosura
Depois contar as estrelas
Em uma noite escura.
XI
História de criatura
Que a gente escutava
Caipora que no Sertão
Tanto cigarro fumava
As criaturas folclóricas
Que o povo imaginava.
XII
Tudo significava
A mais pura perfeição
Depois que a gente cresce
Fica só recordação
Do meu tempo de infância
Que vivi no meu Sertão.
Mossoró-RN,
03.05.2016.
Ilton
Gurgel, poeta.
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