quinta-feira, 14 de janeiro de 2021

 

GOSTO DE SER BERADEIRO, E VIVER NO MEU NORMAL

                I

Tanto significado

Para uma palavra só

Que a língua dá um nó

De tanto pronunciado

Por matuto sou chamado

Caipira fundamental

A palavra como tal

Ouço o tempo inteiro

Gosto de ser beradeio

E viver no meu normal.

               II

Beradeiro é a figura

Que na roça se criou

Pouco no mundo andou

Dele o povo censura

Natural de espessura

Nada artificial

Gosto de ser natural

E sigo o meu roteiro

Gosto de ser beradeiro

E viver o meu normal.

                III

Meu sotaque é assim

Sertanejo arrastado

Ôxente pronunciado

Quem quiser que ache ruim

O que é feito por mim

Acho muito especial

Uma vida especial

No Nordeste brasileiro

Gosto de ser beradeiro

E viver no meu normal.

                 IV

Viver de imitação

A vida que não é sua

A vergonha acentua

Por não ser vida padrão

Eu não quero isso não

Vivo um clima tropical

Não sou artificial

Faço barba com barbeio

Gosto de ser beradeiro

E viver no meu normal.

                V

Botei água em jumento

Já limpei também roçado

Cortei lenha de machado

Encaro o sofrimento

Tracei cal e o cimento

Ajudante integral

Eu cuidei de animal

Faltou só ser carroceiro

Gosto de ser beradeiro

E viver no meu normal.

               Vi

Eu vivo a minha vida

E não dou satisfação

Eu amo o meu Sertão

Tradição não esquecida

Minha vida é seguida

Como profissional

Não é proporcional

Assim é meu paradeiro

Gosto de ser beradeiro

E viver no meu normal.

           Mossoró-RN, 13.01.2021

                   Ilton Gurgel, poeta.

 

 

             

 

 

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