DESBULHA DE FEIJÃO
I
Ocorreu antigamente
Aqui no nosso Sertão
Uma festa popular
De enorme atração
Sempre no fim do inverno
E início do verão.
II
A desbulha de feijão
Assim era conhecida
Logo após a colheita
Era o ponto de partida
Por feijão ser desbulhado
Na noite descontraída.
III
Com a data conferida
O povo era avisado
Reunia a vizinhança
Para no dia marcado
Reunir e desbulhar
Como era programado.
IV
Um banquete preparado
Feito na ocasião
Sempre com as iguarias
Servido no mutirão
Tudo bem organizado
Feito pelo anfitrião.
V
Era uma reunião
Onde o povo conversava
Dos assuntos mais recentes
Que se atualizava
Para os jovens solteiros
A paquera começava.
VI
Todo mundo se sentava
Para juntos desbulhar
O feijão na vagem seca
Sua casca separar
Era uma festa gostosa
Da gente participar.
VII
E pala iluminar
Era uma lamparina
Pavio de algodão
O querosene domina
Clareava e furacava
A desbulha nordestina.
VIII
E logo quando termina
O povo ia medir
Quantas cuias de feijão
Que puderam produzir
E depois armazenava
Para depois consumir.
XI
Antes do povo sair
Na latada conversava
Quantidade de feijão
Todo povo comentava
Com a mesma alegria
A desbulha terminava.
X
Todo povo debandava
Depois daquele momento
Uns iam de bicicleta
Outros iam de jumento
Tudo muito natural
Ocorria o evento.
XI
Hoje no esquecimento
Pois com a modernidade
Não tem mais essa desbulha
Tem outra realidade
Desbulha em maquinário
Com total facilidade.
XII
Resta apenas a saudade
Desse doce antepassado
A desbulha de feijão
Por alguns é relembrado
Lembrei a minha infância
Nessa volta no passado.
Mossoró-RN,
02.04.2018.
Ilton
Gurgel, poeta.
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