AS HISTÓRIAS DE TIO JORGE
I
Hoje eu quero contar
No meu verso em cordel
Aa histórias de um homem
Cumpridor do seu papel
Muito cheio de piadas
Meu tio Jorge Gurgel.
II
Com um princípio fiel
E a proteção divina
Morava em Caraúbas
Numa terra nordestina
Tendo a sua origem
Na Fazenda Ursulina.
III
Figura que ilumina
Com a sua harmonia
Do mais simples natural
Transformava em alegria
Foi um dom dado por Deus
A piada ele fazia.
IV
Quando foi um certo dia
Ele veio simplesmente
Com um amigo comprou
Um litro de aguardente
E escondendo do pai
Ele achou conveniente.
V
O pai perguntou somente
Tio Jorge respondeu
A garrafa de bebida
Dele e do amigo seu
Derramar a parte dele
Jorge desobedeceu.
VI
E o que aconteceu
Tio Jorge falou sem rima
Antes do pai se zangar
E criar um novo clima
A parte dele era de baixo
Do amigo era de cima.
VII
Ocorreu em certo clima
Morrendo um amigo seu
Se ele ia ao enterro
Da pessoa que morreu
Respondeu de que não ia
- Pois ele não vai no meu.
VIII
Outra vez aconteceu
Ele ia um forró
Só se a mulher mandasse
Ele tinha que ir só
Ela disse não mandava
Ali formava um nó.
IX
Já com o seu paletó
Quis a ela perguntar
Um vigia conhecido
Tinha por nome Vavá
Qual o nome do vigia
Ela disse sem pensar.
X
Respondendo – É Vavá
E Jorge por sua vez
Respondeu para a mulher
- Só precisa uma vez
já vou pois me mandou duas
antes que me mande três.
XI
Lá na Várzea do Pedrês
Tava uma confusão
Sobre o preço da farinha
Perguntaram a Jorge então
O que dava a farinha
Respondeu na ocasião.
XII
- Dá farofa e pirão
Só isso que ela faz
Se tem outro objetivo
Não conheço meu rapaz
Eles discutiam o preço
Tinha subido de mais.
XIII
E sempre vivendo em paz
Trabalhando o tempo inteiro
No segundo casamento
Veio logo o herdeiro
Com 03 meses de casado
Nasceu o filho primeiro.
XIV
Chamou Raimundo Ligeiro
Pela sua rapidez
Só que a mulher casou
Grávida no sexto mês
Pois o tempo de casado
Ele só contava três.
XV
Outra piada que fez
Mesmo sem hora marcada
Doente no hospital
Saúde debilitada
Ele ia tomar um soro
Mas pediu logo a qualhada.
XVI
É porque a qualhada
Do soro faz no momento
O soro para tomar
Era o medicamento
E assim ele brincou
Mesmo com o sofrimento.
XVII
Quando em certo momento
Ele estava viajando
Queria ir no banheiro
Ele ficou procurando
Só achou o feminino
Assim ele foi usando.
XVIII
Uma mulher reclamando
Para ele foi dizer
Tava no banheiro errado
Assim pôde responder
Ele tinha visto a placa
Só que não sabia ler.
XIX
Tanto ler como escrever
Muito bem ele sabia
Outra vez em uma festa
Com a sua alegria
Lá na Fazenda Pau Branco
Ele foi um certo dia.
XX
E ele na euforia
Uma moça foi tirar
Pra dançar ela não foi
Só com rapaz do lugar
Disse – Rapaz do Pau Branco
É que eu posso dançar.
XXI
Ele disse – Vou pintar
Pra ficar branco o meu
Fazendo uma piada
Que a moça entendeu
Só que ela referiu
Ao povo do lugar seu.
XXII
Outro dia aconteceu
Uma carne foi comprar
Pediu 900 gramas
Para o marchante pesar
- Mas por que não leva 1 KG
o marchante a perguntar.
XXIII
Jorge disse no falar
- Sua balança impede
a gente compra um quilo
não vem o que a gente pede
quero 900 gramas
que é o que ela mede.
XXIV
Muita piada concede
Algumas fiz destacar
Tudo que Tio Jorge fez
Todo o desenrolar
Muito mais aconteceu
Que aqui não fui falar.
XXV
Assim pude registrar
Nesta minha poesia
O que Tio Jorge falava
E o que ele fazia
Histórias por gerações
É passada todo dia.
Brasília-DF, 07.03.2009
Ilton Gurgel, poeta.
sábado, 7 de março de 2009
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2 comentários:
Pena que eu convivi muito pouco com tio Jorge!
Essas histórias dele são muito boas!
fiquei emocionada voce e muito inteligente e sensivel
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