AS HISTÓRIAS DO VELHO ADERALDO
I
Vou contar uma história
Do nosso antepassado
É de um velho turrão
E às vezes engraçado
Você vai se divertir
Com o velho Aderaldo.
II
É que no nosso passado
Era tudo diferente
Filho respeitava pai
Era um povo consciente
Aderaldo destacou-se
Por opinião somente.
III
Saiu do meio da gente
Estudar no seminário
Pois queria ser um Padre
Lá naquele educandário
De férias em sua casa
Cumprindo o calendário.
IV
Pra voltar pro seminário
Esperava a sua vez
Porém já estava perto
Era menos de um mês
Quando o seu pai mandou
Ele cuidar duma rês. (vaca)
V
O serviço ele fez
Parecia um boiadeiro
Chegando o dia da volta
Aderaldo bem faceiro
Disse para o seu pai
“Ou bom Padre,ou bom vaqueiro”.
VI
O seu pai em desespero
Por ele não estudar
Pela sua teimosia
Quis o estudo largar
E apenas ele disse
Que queria trabalhar.
VII
Aderaldo foi casar
Não falou para ninguém
Numa casa de três primas
Pediu uma pra seu bem
Ele disse para o tio
Que qualquer uma convém.
VIII
E das três primas que tem
A mais nova aceitou
Aderaldo com a prima
Pra casar se preparou
Nunca namorou com ela
E na Igreja casou.
IX
Certo tempo se passou
Lá chegou um viajante
Procurando hospedagem
Era um homem importante
Pediu pra ficar dois dias
Com sua voz arrogante.
X
Vestido muito elegante
Pela tarde ia embora
Quando foi na hora exata
Que tinha chegado a hora
Aderaldo então mandou
Logo o homem ir embora.
XI
Ele mandou ir embora
Pediu para ele sair
Pois o dia e a hora
Ele tinha que cumprir
Aderaldo é homem sério
E não gosta de fingir.
XII
Ainda vou prosseguir
Sobre o seu Aderaldo
O que ele não gostava
E também foi confirmado
De chegar lá no comércio
E ali comprar fiado.
XIII
Um dia seu Aderaldo
Montou em seu alazão
Foi fazer a sua feira
Na venda do barracão
Quando faltou o dinheiro
Para comprar um facão.
XIV
O homem sem ambição
Pôs o facão escondido
Na feira de Aderaldo
Sem ele ter percebido
Só viu o facão em casa
Devolveu logo em seguido.
XV
Certo dia resolvido
Fazer sua residência
Quando foi pintar as portas
Era tanta preferência
Cada porta duma cor
Para não ter desavença.
XVI
Usando inteligência
Para o povo agradar
Era tanta opinião
Para ele escutar
Atendeu a todo mundo
Em cada porta pintar.
XVII
E quando foi começar
Perto de nossa cidade
Construir a sua casa
Na sua propriedade
Que ficava aqui pertinho
Na fazenda Soledade.
XVIII
Com a sua lealdade
Arrumou sua bagagem
Juntou o material
Pôs em uma carruagem
E no meio do caminho
Foi uma espatifagem.
XIX
Só não era malandragem
Ao criado ordenou
Que tirasse a bagagem
Onde o carro quebrou
E no meio do caminho
Sua casa começou.
XX
Certo dia lá chegou
Para ele um vaqueiro
Aderaldo recebeu
Acolheu o dia inteiro
Vejam só o que se deu
Com o pobre forasteiro.
XXI
É que o pobre vaqueiro
Tinha o vício de fumar
Na mesa de Aderaldo
Fumo ele foi picar
Aderaldo observou
Sem a ele reclamar.
XXII
E só dele espiar
Já parecia um véu
E fez o mesmo serviço
Em cima do seu chapéu
Pertencente ao vaqueiro
Bonito como troféu.
XXIII
O vaqueiro do chapéu
Reclamou meio zangado
Aderaldo respondeu
Para não ficar irado
Contou fumo em sua mesa
Sem ele ter reclamado.
XXIV
Arranjou um empregado
E deu uma instrução
Que ele toda semana
Matar uma criação
Ele tinha que cumprir
Às ordens do seu patrão.
XXV
Em certa ocasião
Um fato aconteceu
Tinha morrido um boi
Aí desobedeceu
Não matou a criação
E um erro cometeu.
XXVI
Aderaldo acolheu
E não fez nada com ele
Dispensou o empregado
Pagou o direito dele
Disse que o empregado
Estava mandando nele.
XXVII
Outra aconteceu com ele
Que aqui vou relatar
Sua roupa pra vestir
A esposa colocar
Certo dia a mulher
Botou sem observar.
XXVIII
Colocou no seu lugar
A sua combinação (roupa íntima da época)
Aderaldo então vestiu
E não disse nada não
E foi para a cidade
Com a sua condução.
XXIX
Naquela ocasião
Um tecido ele comprou
Que media 30 metros
Muito caro lhe custou
Para fazer de camisa
A esposa ordenou.
XXX
Ela não ignorou
Ordem dele ninguém pisa
Pegou logo o tecido
E fez todo de camisa
E com ela não fez nada
Como o poeta frisa.
XXXI
Outra cena hipnotiza
Ele traçou os seus planos
Que ia ter só dois filhos
E não cometer enganos
Cada filho que nasceu
Foi de sete em sete anos.
XXXII
Sem cometer os enganos
A riqueza prosperava
Ajudava a pobreza
Pois a ela estimava
Possuía objetos
E a ninguém emprestava.
XXXIII
Quem emprestado falava
A resposta era não
Também ele não pedia
Nada emprestado não
Para servir de exemplo
Para toda a região.
XXXIV
Finalmente falo então
O jeito que ele morreu
Um fato misterioso
Como assim ele se deu
A noite tomar café
E assim aconteceu.
XXXV
A esposa obedeceu
Trazia o cafezinho
Toda noite após a janta
Lhe servia com carinho
No dia que recusasse
A morte tava pertinho.
XXXVI
Certa noite o cafezinho
Aderaldo não bebeu
Dentro de poucos minutos
Seu Aderaldo morreu
Calculou a sua morte
Como assim aconteceu.
Caraúbas-RN, 20.09.1982
Ilton Gurgel, poeta.
AS HISTÓRIAS DO VELHO ADERALDO
I
Vou contar uma história
Do nosso antepassado
É de um velho turrão
E às vezes engraçado
Você vai se divertir
Com o velho Aderaldo.
II
É que no nosso passado
Era tudo diferente
Filho respeitava pai
Era um povo consciente
Aderaldo destacou-se
Por opinião somente.
III
Saiu do meio da gente
Estudar no seminário
Pois queria ser um Padre
Lá naquele educandário
De férias em sua casa
Cumprindo o calendário.
IV
Pra voltar pro seminário
Esperava a sua vez
Porém já estava perto
Era menos de um mês
Quando o seu pai mandou
Ele cuidar duma rês. (vaca)
V
O serviço ele fez
Parecia um boiadeiro
Chegando o dia da volta
Aderaldo bem faceiro
Disse para o seu pai
“Ou bom Padre,ou bom vaqueiro”.
VI
O seu pai em desespero
Por ele não estudar
Pela sua teimosia
Quis o estudo largar
E apenas ele disse
Que queria trabalhar.
VII
Aderaldo foi casar
Não falou para ninguém
Numa casa de três primas
Pediu uma pra seu bem
Ele disse para o tio
Que qualquer uma convém.
VIII
E das três primas que tem
A mais nova aceitou
Aderaldo com a prima
Pra casar se preparou
Nunca namorou com ela
E na Igreja casou.
IX
Certo tempo se passou
Lá chegou um viajante
Procurando hospedagem
Era um homem importante
Pediu pra ficar dois dias
Com sua voz arrogante.
X
Vestido muito elegante
Pela tarde ia embora
Quando foi na hora exata
Que tinha chegado a hora
Aderaldo então mandou
Logo o homem ir embora.
XI
Ele mandou ir embora
Pediu para ele sair
Pois o dia e a hora
Ele tinha que cumprir
Aderaldo é homem sério
E não gosta de fingir.
XII
Ainda vou prosseguir
Sobre o seu Aderaldo
O que ele não gostava
E também foi confirmado
De chegar lá no comércio
E ali comprar fiado.
XIII
Um dia seu Aderaldo
Montou em seu alazão
Foi fazer a sua feira
Na venda do barracão
Quando faltou o dinheiro
Para comprar um facão.
XIV
O homem sem ambição
Pôs o facão escondido
Na feira de Aderaldo
Sem ele ter percebido
Só viu o facão em casa
Devolveu logo em seguido.
XV
Certo dia resolvido
Fazer sua residência
Quando foi pintar as portas
Era tanta preferência
Cada porta duma cor
Para não ter desavença.
XVI
Usando inteligência
Para o povo agradar
Era tanta opinião
Para ele escutar
Atendeu a todo mundo
Em cada porta pintar.
XVII
E quando foi começar
Perto de nossa cidade
Construir a sua casa
Na sua propriedade
Que ficava aqui pertinho
Na fazenda Soledade.
XVIII
Com a sua lealdade
Arrumou sua bagagem
Juntou o material
Pôs em uma carruagem
E no meio do caminho
Foi uma espatifagem.
XIX
Só não era malandragem
Ao criado ordenou
Que tirasse a bagagem
Onde o carro quebrou
E no meio do caminho
Sua casa começou.
XX
Certo dia lá chegou
Para ele um vaqueiro
Aderaldo recebeu
Acolheu o dia inteiro
Vejam só o que se deu
Com o pobre forasteiro.
XXI
É que o pobre vaqueiro
Tinha o vício de fumar
Na mesa de Aderaldo
Fumo ele foi picar
Aderaldo observou
Sem a ele reclamar.
XXII
E só dele espiar
Já parecia um véu
E fez o mesmo serviço
Em cima do seu chapéu
Pertencente ao vaqueiro
Bonito como troféu.
XXIII
O vaqueiro do chapéu
Reclamou meio zangado
Aderaldo respondeu
Para não ficar irado
Contou fumo em sua mesa
Sem ele ter reclamado.
XXIV
Arranjou um empregado
E deu uma instrução
Que ele toda semana
Matar uma criação
Ele tinha que cumprir
Às ordens do seu patrão.
XXV
Em certa ocasião
Um fato aconteceu
Tinha morrido um boi
Aí desobedeceu
Não matou a criação
E um erro cometeu.
XXVI
Aderaldo acolheu
E não fez nada com ele
Dispensou o empregado
Pagou o direito dele
Disse que o empregado
Estava mandando nele.
XXVII
Outra aconteceu com ele
Que aqui vou relatar
Sua roupa pra vestir
A esposa colocar
Certo dia a mulher
Botou sem observar.
XXVIII
Colocou no seu lugar
A sua combinação (roupa íntima da época)
Aderaldo então vestiu
E não disse nada não
E foi para a cidade
Com a sua condução.
XXIX
Naquela ocasião
Um tecido ele comprou
Que media 30 metros
Muito caro lhe custou
Para fazer de camisa
A esposa ordenou.
XXX
Ela não ignorou
Ordem dele ninguém pisa
Pegou logo o tecido
E fez todo de camisa
E com ela não fez nada
Como o poeta frisa.
XXXI
Outra cena hipnotiza
Ele traçou os seus planos
Que ia ter só dois filhos
E não cometer enganos
Cada filho que nasceu
Foi de sete em sete anos.
XXXII
Sem cometer os enganos
A riqueza prosperava
Ajudava a pobreza
Pois a ela estimava
Possuía objetos
E a ninguém emprestava.
XXXIII
Quem emprestado falava
A resposta era não
Também ele não pedia
Nada emprestado não
Para servir de exemplo
Para toda a região.
XXXIV
Finalmente falo então
O jeito que ele morreu
Um fato misterioso
Como assim ele se deu
A noite tomar café
E assim aconteceu.
XXXV
A esposa obedeceu
Trazia o cafezinho
Toda noite após a janta
Lhe servia com carinho
No dia que recusasse
A morte tava pertinho.
XXXVI
Certa noite o cafezinho
Aderaldo não bebeu
Dentro de poucos minutos
Seu Aderaldo morreu
Calculou a sua morte
Como assim aconteceu.
Caraúbas-RN, 20.09.1982
Ilton Gurgel, poeta.
sexta-feira, 31 de outubro de 2008
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Um comentário:
Conterrâneo,que maravilha essa poesia que vc fez para seu Aderaldo.Papai falava muito nele e contava muitas histórias dele.Adorei amigo .Parabéns poeta!
bjs!!!!
Postar um comentário