terça-feira, 22 de janeiro de 2013

CASAMENTO DE UM MATUTO COM A FILHA DO DELEGADO.




I

Eu casei com Carolina

Numa Sexta-feira santa

A beleza que encanta

Que tinha essa menina

Mole igual a margarina

Isso pude perceber

Ela prometeu viver

A vida toda comigo

Parece que foi castigo

Que veio acontecer.

II

Não era dia concreto

Pra fazer um casamento

Quase um constrangimento

De quem estava por perto

Duma coisa fiquei certo

É que eu fui castigado

Devia ter respeitado

O abençoado dia

Passei tanta agonia

Que fiquei envergonhado.

III

Não aconteceu a festa

Era dia de jejum

O que é muito comum

Pois não teve nem seresta

Eu colei a minha testa

A noiva coçou também

Era aquele vai e vem

Entre o povo convidado

Com o comer limitado

Não sobrou para ninguém.

IV

A nossa lua-de-mel

Que foi no dia seguinte

Transformada de requinte

Para um amargo fel

Nós entramos num hotel

Ela foi me alisando

Eu fiquei logo pensando

No que acontecer

Eu pronto para fazer

Mas ela só me olhando.

V

Tinha um apartamento

Era muito luxuoso

Eu entrei fiquei nervoso

Fiquei com acanhamento

Só que o meu sofrimento

Começou naquele dia

Minha noiva me dizia

-Eu não faço o que não sei

Só que não imaginei

O que para mim viria.

VI

A mulher ficou despida

Com o seu corpo estranho

O pé tinha um tamanho

Duma grande avenida

Destino da minha vida

Pouco eu me animei

Na hora que convidei

E passei a minha mão

Quase me jogou no chão

Ai eu encabulei.

VII

Eu chamei pra conversar

Relativo o nosso amor

Ela disse - O senhor

Devia se enxergar

Pois queira me respeitar

Pensa que eu sou o quê?

Pois eu digo a você

Sou donzela de respeito

E você fique direito

Pois detesto tererê.

VIII

Mas só que eu não sabia

Mas soube naquela hora

Ela mandou eu embora

Da vida dela saia

Pois nada acontecia

Entre eu e a malvada

Casamento deu em nada

Sei que era uma gata

Mas era grande sapata

E uma grande safada.



IX

Corri pra delegacia

Procurei o delegado

Ficou muito irritado

Ouvi o que não queria

Senti tanta agonia

Naquela ocasião

Recebi voz de prisão

Por causa do casamento

Ou meu Deus que sofrimento

E também perseguição.

X

Eu disse:- Seu delegado

Não estou lhe entendendo

O senhor deve está vendo

Casei fui abandonado

Ela me deixou jogado

Como assim vim lhe dizer

O senhor quer me prender

Me deixar lá na prisão

Tenha calma meu patrão

Eu não queria perder.

XI

Fiquei tão envergonhado

Quando ele foi contar

Acabei de me casar

Com a filha do delegado

Eu morava em outro Estado

E aqui ela vivia

Da moça eu não sabia

Que ela gosta também

Daquilo que ela tem

E me dá tanta alegria.

XII

E assim fui pra prisão

Por causa de Carolina

Parecia gente fina

Só que era sapatão

Sofri tanta agressão

Que quase morri em pé

Em mim um serviço até

Fizeram sem piedade

Cortaram com crueldade

Vocês sabem o que é.

Caraúbas-RN, 09.12.1982.

Ilton Gurgel, poeta (poesia de época)













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