É MELHOR SER HOMEM LISO DO QUE CORNO COM DINHEIRO.
I
Pessoal a minha vida
Não sei como vai ficar
Ao senhor eu vou contar
Uma história escondida
Conheci a Margarida
Mulher forte encantadora
Ela era uma doutora
Parecia ser legal
Veja como passei mal
Casando com a sedutora.
II
Ela aqui veio morar
No nosso interior
A procura de amor
E eu doido pra casar
Pra ela pude olhar
Na manhã dum certo dia
Ela eu não conhecia
Por azar fiquei doente
Com a doença presente
Quase entro numa fria.
III
Na consulta perguntou
O que é que eu sentia
Com vergonha respondia
Que sentia uma dor
Febre, frio e calor...
Fiqeui desorientado
Por que ela do meu lado
Não parava de olhar
Já queria paquerar
Este pobre amatutado.
IV
Um papel ela pegou
Escreveu uma receita
Com uma letra estreita
Meu endereço pegou
Há também me alisou
E tanto me apalpar
Depois foi me visitar
Perguntou muito ligeiro
Se eu era um solteiro
E queria me casar.
V
Respondi quase biruto
- Dona sou um solteirão
Vivo aqui nesse Sertão
Cuidado de bicho bruto
Sou caipira e matuto
Não sei ler nem escrever
A senhora vou dizer
Que só sei mesmo amar
As doutoras que chegar
E pro meu lado correr.
VI
Ela ficou tão faceira
E passou batom na boca
Parecia uma cabocla
Quando vem andar na feira
E falou duma maneira
Toda espetacular
Me chamou pra namorar
Disse na ocasião
- Esse cabra é um machão
Com ele vou me casar.
VII
No dia do casamento
Nós saímos da Igreja
Em casa tomei cerveja
Festejando o sacramento
Senti naquele momento
No meu corpo um arrepio
De repente senti frio
Quando ouvi lá do retorno
“Esse pode não ser corno
Mas parece no perfio”.
VIII
Quando se passou um mês
Da gente ter se casado
Ela disse: -Meu amado
Tu agora é um burguês
Eu com minha timidez
Quando a gente desconfia
Lembrei que pai disse um dia
Com o seu jeitão sisudo
- Nunca vi ter tão chifrudo
Como tem na burguesia.
IX
Daquilo eu me lembrei
Fiquei de orelha em pé
Quase que perdi a fé
Da mulher que eu amei
Mesmo assim eu caminhei
Eu e ela bem casado
Mas fiquei em um estado
Que só fiz me lastimar
Ao povo não vou contar
Por que fico envergonhado.
X
A mulher era faceira
Comprou tanta novidade
Se saia pra cidade
Chegava com geladeira
Com carne de dianteira
Com sofá e com fogão
Com som e televisão
Eu dizia é bom ser rico
Mas ser corno nem um tico
Por que dói no coração.
XI
Saia pra bebedeira
Também pra reunião
Ia para diversão
E eu só sem companheira
Já lesado na maneira
Dos homens daquele jeito
Toda noite era um sujeito
Que na minha casa ia
Com minha mulher saia
Eu ficava sem respeito.
XII
Um dia eu resolvi
A doutora reclamar
Ela jurou me largar
Grande alívio senti
Uma coisa decidi
Disse logo no roteiro
Doutora seu companheiro
Lhe diz o que é preciso
“É melhor ser homem liso
Do que corno com dinheiro”.
Caraúbas-RN, 10.03.1983.
Ilton Gurgel, poeta (poesia de época)
I
Pessoal a minha vida
Não sei como vai ficar
Ao senhor eu vou contar
Uma história escondida
Conheci a Margarida
Mulher forte encantadora
Ela era uma doutora
Parecia ser legal
Veja como passei mal
Casando com a sedutora.
II
Ela aqui veio morar
No nosso interior
A procura de amor
E eu doido pra casar
Pra ela pude olhar
Na manhã dum certo dia
Ela eu não conhecia
Por azar fiquei doente
Com a doença presente
Quase entro numa fria.
III
Na consulta perguntou
O que é que eu sentia
Com vergonha respondia
Que sentia uma dor
Febre, frio e calor...
Fiqeui desorientado
Por que ela do meu lado
Não parava de olhar
Já queria paquerar
Este pobre amatutado.
IV
Um papel ela pegou
Escreveu uma receita
Com uma letra estreita
Meu endereço pegou
Há também me alisou
E tanto me apalpar
Depois foi me visitar
Perguntou muito ligeiro
Se eu era um solteiro
E queria me casar.
V
Respondi quase biruto
- Dona sou um solteirão
Vivo aqui nesse Sertão
Cuidado de bicho bruto
Sou caipira e matuto
Não sei ler nem escrever
A senhora vou dizer
Que só sei mesmo amar
As doutoras que chegar
E pro meu lado correr.
VI
Ela ficou tão faceira
E passou batom na boca
Parecia uma cabocla
Quando vem andar na feira
E falou duma maneira
Toda espetacular
Me chamou pra namorar
Disse na ocasião
- Esse cabra é um machão
Com ele vou me casar.
VII
No dia do casamento
Nós saímos da Igreja
Em casa tomei cerveja
Festejando o sacramento
Senti naquele momento
No meu corpo um arrepio
De repente senti frio
Quando ouvi lá do retorno
“Esse pode não ser corno
Mas parece no perfio”.
VIII
Quando se passou um mês
Da gente ter se casado
Ela disse: -Meu amado
Tu agora é um burguês
Eu com minha timidez
Quando a gente desconfia
Lembrei que pai disse um dia
Com o seu jeitão sisudo
- Nunca vi ter tão chifrudo
Como tem na burguesia.
IX
Daquilo eu me lembrei
Fiquei de orelha em pé
Quase que perdi a fé
Da mulher que eu amei
Mesmo assim eu caminhei
Eu e ela bem casado
Mas fiquei em um estado
Que só fiz me lastimar
Ao povo não vou contar
Por que fico envergonhado.
X
A mulher era faceira
Comprou tanta novidade
Se saia pra cidade
Chegava com geladeira
Com carne de dianteira
Com sofá e com fogão
Com som e televisão
Eu dizia é bom ser rico
Mas ser corno nem um tico
Por que dói no coração.
XI
Saia pra bebedeira
Também pra reunião
Ia para diversão
E eu só sem companheira
Já lesado na maneira
Dos homens daquele jeito
Toda noite era um sujeito
Que na minha casa ia
Com minha mulher saia
Eu ficava sem respeito.
XII
Um dia eu resolvi
A doutora reclamar
Ela jurou me largar
Grande alívio senti
Uma coisa decidi
Disse logo no roteiro
Doutora seu companheiro
Lhe diz o que é preciso
“É melhor ser homem liso
Do que corno com dinheiro”.
Caraúbas-RN, 10.03.1983.
Ilton Gurgel, poeta (poesia de época)
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