segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

O NAMORO DUM MATUTO COM UM TRAVESTIR.




I

Pessoal eu vou contar

Por um caso que passei

Até hoje eu não sei

Como tudo explicar

Uma vez fui farrear

Em um tal de um forró

Fiquei preso em um nó

Arrumei uma costela

Uma tal duma donzela

Para eu não ficar só.

II

Pra começo de assunto

Eu caí na perdição

Entrei numa confusão

Quase viro um defunto

Pra não mudar de assunto

Dos cabras eu apanhei

E nenhuma tapa dei

Foi soco pra todo lado

Eu saí todo quebrado

Não sei como escapei.

III

E depois da confusão

Arrumei a namorada

Não sabia da cilada

Que tinha lá no salão

Era uma traição

Dessas que veado faz

Para enganar rapaz

Ela ainda me beijou

E também me bajulou

Pra isso era capaz.

IV

A mulher se requebrando

Levou-me pra o terreiro

Começou a me dar cheiro

Eu fui me apaixonando

Continuo me puxando

Pegada na minha mão

Eu pensei ser diversão

Segurando no meu dedo

Comecei ficar com medo

De ter outra confusão.

V

Cheguei no fim do terreiro

Eu vi o amante dela

Ele procurando ela

Com mais outro companheiro

Apanhei que nem cordeiro

Meu corpo ficou doido

Outra vez eu fui traído

Por quem não imaginava

O que nunca eu esperava

De ali ser tão sofrido.

VI

Depois que eu apanhei

Ela se aproximou

Para a dança me chamou

Lá foi outro aperrei

Porém tudo que eu sei

Que eu não tinha dinheiro

Nem sabia o roteiro

Do que eu ia dançar

Desta vez pude escapar

Eu corri logo primeiro.

VII

Eu e aquela menina

Uma estranha criatura

Ela tinha uma mistura

Com um jeito de cretina

Sua fala era fina

Mas às vezes engrossava

Ai logo eu pensava

Num pensamento atroa

Como que uma pessoa

Com aquilo namorava.

VIII

Comecei a reclamar

Da minha falta de sorte

Antes quase fui à morte

Pra com ela namorar

Eu e ela a se amar

Foi aquele esfregado

De beijar fiquei babado

Que quase pedi socorro

Desta vez eu sei que morro

Ou então fico aleijado.





IX

Sem saber como dizer

O que estava pensando

Eu fui só a agarrando

Que cheguei a me tremer

Com vontade de fazer

Fui dá uma de esperto

Só que não ia dar certo

Pois eu nunca imaginava

Que ela me enganava

Com o jeito desonesto.

X

Eu dei logo uma cantada

E depois de muita luta

Entre eu e a matuta

Ela ficou animada

A gente nessa balada

Tomei um grande espanto

Agarrei naquele canto

Peguei no que não queria

Estranhei do que sentia

Debaixo daquele manto.

XI

Na hora fiquei irado

Com a namorada minha

Pois o mesmo que eu tinha

Era um travestir veado

De tanto ficar zangado

Eu peguei o meu facão

Tomei uma decisão

De cortar no que peguei

Até hoje eu não sei

O fim da situação.

XII

Portanto caro leitor

Não queira se enganar

E quando for namorar

Procure bem o amor

Pois veado sedutor

Deixa a gente enganado

Por que eu fiquei irado

Foi uma decepção

Não entre em confusão

Nem namore com veado.

Caraúbas-RN, 26.03.1983. (poesia de época)

Ilton Gurgel, poeta.











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