segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

O MATUTO QUE FOI SER ASSALTADO E CAPOU O ASSALTANTE.




I

Nasci no interior

Um caipira analfabeto

Mas, porém muito esperto...

Um forte trabalhador

Sendo um agricultor

Sem o mundo conhecer

Quando decidi fazer

Na vida uma viagem

Tomei a minha coragem

No mundo eu fui correr.

II

Eu fiz o meu apurado

Com tanta dificuldade

Para conhecer cidade

Que fosse do meu agrado

Sou homem de um passado

Simples e muito honesto

O errado eu detesto

E nem gosto de mentir

A verdade só ouvir

O errado eu contesto.

III

A passagem eu comprei

Quando o ônibus chegou

Todo mundo embarcou

Nisso eu também entrei

Depois me acomodei

Para poder viajar

O carro veio lotar

Tinha tanto passageiro

Parecia formigueiro

Quando está a trabalhar.

IV

Ao chegar na capital

Foi aquela alegria

Por que eu não conhecia

Uma cidade real

Porém na zona rural

Eu vivia enfornado

De casa pra o roçado

Sem nenhuma diversão

Tanta admiração

Que fiquei emocionado.

V

Quando eu desembarquei

Do carro que viajava

Lá por perto encontrava

Um moço que eu não sei

E logo desconfiei

Daquele jeito estranho

Ele tinha um tamanho

Duma pouca estatura

Parecia a criatura

Ele não tomava banho.

VI

Ele andava sem rumo

Aproximou-se do carro

E me pediu um cigarro

Respondi que eu não fumo

Parecia com um sumo

Da casca de um limão

Fedia mais que um cão

Quando cai duma mudança

Tive a desconfiança

De que fosse um ladrão.

VII

Com tanto palavreado

E eu nada entendia

Quando ele anuncia

Com um revólver armado

Assalto anunciado

Pra cima dele parti

Pois medo eu não senti

Daquele cabra de peia

Devia ir pra cadeia

De raiva eu me conti.

VIII

Eu tomei a arma dele

Sapequei ele no chão

Armada a confusão

Pensei em fazer com ele

De deixar um sinal nele

Pra depois ir se lembrar

De quando foi assaltar

Um caipira tão honrado

Seu corpo ficou marcado

Além de tanto apanhar.



IX

Um revólver de brinquedo

Que não tinha munição

Um vagabundo ladrão

No povo botando medo

Apontei com o meu dedo

Que eu ia ensinar

A ele a respeitar

Um homem trabalhador

Ele sentiu tanta dor

De tanto ele apanhar.

X

Eu dei tanta da porrada

Naquele cabra safado

Que ficou todo quebrado

Com a minha mão pesada

Que era acostumada

Burro brabo amansar

Quanto mais em ensinar

A um besta vagabundo

Pra respeitar todo mundo

Não mais querer assaltar.

XI

Eu puxei minha peixeira

Estava bem afiada

Pois só vive amolada

Toda ela por inteira

E cortei duma maneira

Logo os seus principais

Como faz com animais

O cabra ficou capado

Pois eu estava irado

A raiva era de mais.

XII

O povo me aplaudia

Outro me elogiava

O bandido reclamava

Da dor que ele sentia

Não tem mais a serventia

Que ele tinha constante

Assim contei no instante

Um conto amatutado

Do matuto assaltado

Que capou o assaltante.

Brasília-DF, 23.01.2013.

Ilton Gurgel, poeta.











Nenhum comentário: