quarta-feira, 11 de agosto de 2010

VIAGEM PELO SERTÃO

I
Viajar pelo Sertão
Em estrada empoeirada
Contemplando a paisagem
De uma mata queimada
Onde a cara da seca
Na viagem é mostrada.
II
Terra seca e tostada
Com a escassez da chuva
É a foto do Sertão
Nela a gente se curva
Nas casas nós encontramos
Quem da seca é viúva.
III
O Sertão é uma luva
Daquelas muito macia
Para todo sertanejo
O Sertão é alegria
Na viagem encontramos
O sofrer do dia a dia.
IV
Na viagem a euforia
De quem tem a criação
Pra salvar os animais
Precisa comprar ração
Que a gente observa
A mais simples condição.
V
Viajar pelo Sertão
Onde a chuva não pinga
Plantação na esperança
Que uma colheita vinga
Com essa falta de água
Que vemos na caatinga.
VI
Na viagem a caatinga
Seca e com o sol quente
De sede morre o gado
De fome morre a gente
Esperando pela chuva
Que de Deus é um presente.

VII
Sertão que mora serpente
Onde tem mandacaru
Sua fauna sua flora
Do peba e do tatu
Sertão do camaleão
Também do tijuacu.
VIII
Sertão que o urubu
Faz uma grande limpeza
Comendo restos morais
Daquilo que já foi presa
Uma luta natural
Feita pela natureza.
IX
Encontramos a riqueza
E pouca a assistência
O sertanejo lutando
Com sua experiência
Até hoje se pratica
O plano da emergência.
X
No Sertão tem consciência
E muita sabedoria
O poeta popular
Que transmite alegria
Forró e a vaquejada
E famosa cantoria.
XI
Viagem que nesse dia
Começou de madrugada
Respirando o ar puro
Duma noite enluarada
Ficar esperando a chuva
Pra ver a terra molhada.
XII
Sertão de vida marcada
Região bem conhecida
Hoje feita à viagem
Por essa terra sofrida
Marca o fato que faz parte
E registra a nossa vida.

Brasília-DF, 04.08.2010.
Ilton Gurgel, poeta.

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