sábado, 7 de fevereiro de 2009

NUNCA VI ACONTECER

I
Nunca vi Banco sem fila
Sem ninguém pra esperar
Eu nunca vi um patrão
O empregado elogiar
Nunca vi uma madame
Sem ter de que reclamar.
II
Um trabalhador falar
Na hora de receber
Um aluno bagunceiro
Na escola aprender
Dono de mercearia
Sem ter conta a perder.
III
Nunca vi acontecer
Empregado de doutor
Que não seja puxa-saco
Ser grande bajulador
Torcedor de time fraco
Que não seja sofredor.
IV
Nunca vi um professor
Que goste do seu salário
Nunca vi um chefe besta
Que não seja autoritário
Um funcionário público
Que cumpra o seu horário.
V
Nunca vi um mercenário
Que seja profissional
Nunca vi leito vazio
Em quarto de hospital
Receber notícia ruim
Sem que possa passar mal.
VI
O que vejo é real
O político mentir
No tempo da eleição
Prometer e não cumprir
Vê o seu adversário
A ele não perseguir.
VII

Ver um homem resistir
Da mulher uma cantada
Jogador de futebol
Que não fale em jogada
Nunca vi um trambiqueiro
Que não arme uma cilada.
VIII
Nunca vi mulher casada
Que não fale do marido
Nunca vi uma fofoca
Que ninguém não dê ouvido
Trabalhar fim de semana
Vê o horário cumprido.
IX
Nunca vi jogo perdido
Quando o time é campeão
Motorista educado
Carregando condução
Nunca vi homem traído
Pra depois dá o perdão.
X
Nunca vi religião
Sem ninguém pedir dinheiro
Namorar com mulher velha
Que não seja interesseiro
Nunca vi um carro velho
Pegar logo de primeiro.
XI
Nunca vi cabeleireiro
Que não seja informado
Um político em casa
Que não seja incomodado
Ter um sonho impossível
Que seja realizado.
XII
Um vaqueiro bom de gado
Que se livre duma sela
Namorar moça bonita
E não ter ciúme dela
Vê uma mulher safada
E não chame de cadela.

Brasília-DF, 24.01.2009
Ilton Gurgel, poeta.

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