JÁ NÃO POSSA DÁ UM PREGO, NUMA BARRA DE SABÃO
I
O tempo parece ingrato
Mas é a realidade
Vai passando a idade
Depois o anonimato
Nem seguro mais o prato
Na hora da refeição
Por faltar força na mão
Nem o talher mais eu pego
Já não possa dá um prego
Numa barra de sabão.
II
Quando o homem envelhece
Todo o drama começa
Energia se despeça
Aí tudo acontece
Todo velho adoece
Fica tremendo a mão
Muito curta a visão
Maioria fica cego
Já não possa dá um prego
Numa barra de sabão.
III
Já não fica autoritário
E nem meche com mulher
Quando uma gata lhe quer
É pra tomar o salário
Fazendo de um otário
Usa também o cartão
O velho na ilusão
Ele diz “os pontos entrego”
Já não posso dá um prego
Numa barra de sabão.
IV
Eu não queria falar
Mas não existe saída
O homem no fim da vida
Já não pode trabalhar
Falta perna pra andar
Escora-se num bastão
Na triste situação
No andar no escorrego
Já não posso dá um prego
Numa barra de sabão.
V
Antes só tinha alegria
Mulher bonita e dinheiro
Agora o desespero
Que visita todo dia
É gastrite e azia
Doença do coração
Gripe e alta de pressão
No currículo que carrego
Já não posso dá um prego
Numa barra de sabão.
VI
Quem já foi namorador
Vivia muito contente
Hoje é um impotente
Causa um grande terror
Igualmente a um motor
Dum carro velho a bujão
Só pega no empurrão
Nem no empurrão mais pego
Já não posso dá um prego
Numa barra de sabão.
Brasília-DF, 25.06.2009
Ilton Gurgel, poeta.
quinta-feira, 25 de junho de 2009
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