UM CAIPIRA NA CAPITAL.
I
Morei sempre no Sertão
Desde quando eu nasci
Pouca coisa aprendi
Pela minha região
Tomei uma decisão
De um tanto radical
Ir morar na capital
No meio de tanta gente
Mas vejam daqui pra frente
Que na vida me dei mal.
II
Vou contar o meu sofrer
Sem ter nenhuma mentira
Como é que um caipira
Que sem ler ou escrever
Ver o dia amanhecer
E olhar para o mundo
Em um sonho bem profundo
Pensamento em me mudar
Da hora de viajar
Sonhava todo segundo.
III
Na hora de viajar
Despedi-me do Sertão
Entre numa condução
Deu vontade de chorar
E já perto de chegar
Eu vi que não dava certo
Senti quando estava perto
Que ia me arrepender
E o carro a correr
Chorei no momento inserto.
IV
Fiquei muito atordoado
Não conhecia ninguém
Era aquele vai e vem
Que me deixou espantado
Seu moço cheguei cansado
Um quarto fui alugar
Para poder descansar
Daquela longa viagem
Guardei a minha bagagem
E fiquei a repousar.
V
Eu dormi o dia inteiro
Acordei apavorado
Um ladrão tinha levado
Minha roupa e meu dinheiro
Corri logo bem ligeiro
Para a delegacia
Pois a queixa prestaria
Falei pra o delegado
Eu tinha sido roubado
Se ele me socorria.
VI
Ele bem admirado
Naquele seu gabinete
Que não era um palacete
Por estar desarrumado
Com papel pra todo lado
Quando vi desanimei
Perguntou do que não sei
Registrou a ocorrência
Eu quase sem paciência
Muito tempo esperei.
VII
Foi um ato infeliz
E um pouco indecente
No meio daquela gente
Que empina o nariz
Não perdi minha raiz
Nem meu modo de viver
Uma moça ao saber
Perguntou o que eu tinha
Contei tudo pra mocinha
Da qual veio entender.
VIII
Na mesma delegacia
Da moça acompanhado
Gritou alto o Delegado
-Venha cá cabo do dia
Eu estou na correria
E aqui vem um matuto
Que parece ser biruto
Tudo dele foi levado
Resolva desse lesado
Que parece bicho bruto.
IX
A mocinha respondeu
-Por favor ajude a ele
Eu sou conhecida dele
Ele é amigo meu
Por sorte que não morreu
Ele é um pobre coitado
Seu dinheiro foi roubado
Ele veio lhe dizer
Do que veio acontecer
Ele não é o culpado.
X
E eu não falei mais nada
A moça falou por mim
Eu saí meio assim
E sentei numa calçada
A rua movimentada
Eu sem ter o que comer
Eu com meu pouco saber
Quase que eu passei mal
Por que lá na capital
Não é lugar de viver.
XI
Eu fiquei desempregado
Não tinha nenhum trabalho
Sem estudo o atrapalho
Na rua eu fui jogado
Fome, frio e humilhado...
Num papelão eu dormia
Devido burocracia
Lá eu não pude ficar
Então tinha que voltar
Pra de onde eu saia.
XII
Lá não tive conhecido
E ninguém me acolheu
Pois quem olhava pra eu
Era com olhar fingido
Eu só andava perdido
Sem saber pra onde ia
E em fim chegou o dia
Alegrei meu coração
Pois voltei pro meu Sertão
Onde tenho moradia.
Brasília-DF, 07.02.2013.
Ilton Gurgel, poeta.
I
Morei sempre no Sertão
Desde quando eu nasci
Pouca coisa aprendi
Pela minha região
Tomei uma decisão
De um tanto radical
Ir morar na capital
No meio de tanta gente
Mas vejam daqui pra frente
Que na vida me dei mal.
II
Vou contar o meu sofrer
Sem ter nenhuma mentira
Como é que um caipira
Que sem ler ou escrever
Ver o dia amanhecer
E olhar para o mundo
Em um sonho bem profundo
Pensamento em me mudar
Da hora de viajar
Sonhava todo segundo.
III
Na hora de viajar
Despedi-me do Sertão
Entre numa condução
Deu vontade de chorar
E já perto de chegar
Eu vi que não dava certo
Senti quando estava perto
Que ia me arrepender
E o carro a correr
Chorei no momento inserto.
IV
Fiquei muito atordoado
Não conhecia ninguém
Era aquele vai e vem
Que me deixou espantado
Seu moço cheguei cansado
Um quarto fui alugar
Para poder descansar
Daquela longa viagem
Guardei a minha bagagem
E fiquei a repousar.
V
Eu dormi o dia inteiro
Acordei apavorado
Um ladrão tinha levado
Minha roupa e meu dinheiro
Corri logo bem ligeiro
Para a delegacia
Pois a queixa prestaria
Falei pra o delegado
Eu tinha sido roubado
Se ele me socorria.
VI
Ele bem admirado
Naquele seu gabinete
Que não era um palacete
Por estar desarrumado
Com papel pra todo lado
Quando vi desanimei
Perguntou do que não sei
Registrou a ocorrência
Eu quase sem paciência
Muito tempo esperei.
VII
Foi um ato infeliz
E um pouco indecente
No meio daquela gente
Que empina o nariz
Não perdi minha raiz
Nem meu modo de viver
Uma moça ao saber
Perguntou o que eu tinha
Contei tudo pra mocinha
Da qual veio entender.
VIII
Na mesma delegacia
Da moça acompanhado
Gritou alto o Delegado
-Venha cá cabo do dia
Eu estou na correria
E aqui vem um matuto
Que parece ser biruto
Tudo dele foi levado
Resolva desse lesado
Que parece bicho bruto.
IX
A mocinha respondeu
-Por favor ajude a ele
Eu sou conhecida dele
Ele é amigo meu
Por sorte que não morreu
Ele é um pobre coitado
Seu dinheiro foi roubado
Ele veio lhe dizer
Do que veio acontecer
Ele não é o culpado.
X
E eu não falei mais nada
A moça falou por mim
Eu saí meio assim
E sentei numa calçada
A rua movimentada
Eu sem ter o que comer
Eu com meu pouco saber
Quase que eu passei mal
Por que lá na capital
Não é lugar de viver.
XI
Eu fiquei desempregado
Não tinha nenhum trabalho
Sem estudo o atrapalho
Na rua eu fui jogado
Fome, frio e humilhado...
Num papelão eu dormia
Devido burocracia
Lá eu não pude ficar
Então tinha que voltar
Pra de onde eu saia.
XII
Lá não tive conhecido
E ninguém me acolheu
Pois quem olhava pra eu
Era com olhar fingido
Eu só andava perdido
Sem saber pra onde ia
E em fim chegou o dia
Alegrei meu coração
Pois voltei pro meu Sertão
Onde tenho moradia.
Brasília-DF, 07.02.2013.
Ilton Gurgel, poeta.
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