FALTA ÁGUA
NA MANGA PARA O GADO, SOBRA ÁGUA NOS OLHOS DO VAQUEIRO.
I
No Sertão nós temos uma figura
Pro gado é um profissional
Cuida bem do rebanho animal
O gado adoece e ele cura
Vaqueiro que é uma criatura
Humano que do gado é parceiro
Sem chuva resta água no barreiro
Secando fica tão desesperado
Falta água na manga para o gado
Sobra água nos olhos do vaqueiro.
II
A água que é uma raridade
No sertão que para abastecer
Precisa o carro pipa trazer
Vaqueiro fica com ansiedade
O gado morre com fragilidade
Sem água sua sede vem primeiro
Pro sofrer que é um tiro certeiro
O dono fica tão angustiado
Falta água na manga para o gado
Sobra água nos olhos do vaqueiro.
III
Vaqueiro vendo a situação
Do gado cuida com tanto carinho
É triste tanger ele no caminho
Pra beber só a lama do porão
Por que a seca do nosso Sertão
Começa esperança em Janeiro
E depois que acaba Fevereiro
Em Março já fica preocupado
Falta água na manga para o gado
Sobra água nos olhos do vaqueiro.
IV
No Sertão acabou toda pastagem
O capim já secou com o sol quente
A água existia na nascente
Já secou por causa da estiagem
Vaqueiro não perde sua coragem
Trabalha sem ter décimo terceiro
Sem féria e o bolso sem dinheiro
Por amor é muito determinado
Falta água na manga para o gado
Sobra água nos olhos do vaqueiro.
V
Com isso começa logo a chorar
Sozinho trabalha sem ter ajuda
Não existe ninguém que o acuda
E sem ter chuva para melhorar
Água só nos olhos pra derramar
Escorre desse fiel escudeiro
É assim nosso Sertão brasileiro
Vaqueiro com sentimento mostrado
Falta água na manga para o gado
Sobra água nos olhos do vaqueiro.
VI
Do gado ele faz sua defesa
Chamando com o jeito a aboiar
Atende o gado ao escutar
Um fato feito pela natureza
Porém um quadro com tanta tristeza
Sem água fica o tempo inteiro
Esse vai correndo muito ligeiro
E não vê o rebanho saciado
Falta água na manga para o gado
Sobra água nos olhos do vaqueiro.
Mossoró-RN,
25.04.2016.
Ilton
Gurgel, poeta.
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