sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

SECA POTIGUAR (Poesia de época)

I
Sobre nossa estiagem
Eu quero aqui falar
Um problema social
Que veio nos agravar
Como é o sofrimento
Dessa seca potiguar.
II
Não só no nosso lugar
Como toda região
Está sofrendo demais
Com seca e precisão
Tem criança adoecendo
E sem alimentação.
III
Ninguém tem a condição
De ver tanto sofrimento
No Rio Grande do Norte
É grande o movimento
Começa faltando água
Remédio e alimento.
IV
Vejo em todo momento
A morte duma coragem
Do sertanejo sofrido
Por causa da estiagem
Sem condições receber
Qualquer uma hospedagem.
V
Essa longa estiagem
Que já causou uma morte
Do nosso povo sofrido
Parece ser pouca sorte
E muitos na emergência
Estão levando o corte.
VI
E não tem mais quem suporte
A seca no nosso Estado
Já não temos plantação
Deixa o homem apavorado
A fome no ser humano
Mortalidade em gado.

VII
Vem trabalho escravizado
No plano da emergência
Onde o trabalhador
Quase chega a falência
Com salário atrasado
E falta de assistência.
VIII
Trabalha com competência
Com fome e sem saber
Em casa ficam os filhos
Sem terem o que comer
Ao lado da esposa
Juntos vivem a sofrer.
IX
Para quem se socorrer
Se não vejo proteção
Violência só destrói
Como saque e agressão
Só resulta mais problema
Também preocupação.
X
Ruim é a situação
Com contas para pagar
Cara a mercadoria
Sem dinheiro pra comprar
Essa tal situação
É da gente lastimar.
XI
No Estado Potiguar
Não dá maia para viver
Com seca, fome e sede
Gente a se maldizer
Do triste cotidiano
Dum povo sem merecer.
XII
Acabei de escrever
Em forma de poesia
A seca no meu Estado
Que traz dor e agonia
Em casa sem mantimento
Muita barriga vazia.

Caraúbas-RN, 24.10.1983
Ilton Gurgel, poeta.

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